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O que você sente é tristeza ou depressão?

“...Quero voltar àquela

Vida de alegria

Quero de novo cantar...”

Tristeza, música Vinicius de Moraes e Toquinho

Você em algum momento já se sentiu como nesse trecho da música dos queridos Vinicius de Moraes e Toquinho?

Pode ser tristeza passageira, mas pode ser depressão. Como saber qual delas é?

O uso da palavra depressão se popularizou nos últimos tempos, caiu na boca do povo, quando ficamos triste com algo, vem alguém e diz “Ah! ela está depressiva”, porém a depressão é muito mais do que uma tristeza por algo que queríamos tanto e não conseguimos, é algo sério e precisa ser tratado.

Estar triste e estar depressivo são situações diferentes, posso me sentir triste por não ter conseguido aquele emprego tão almejado, não ter passado naquele concurso que tanto estudei, ou não ter conquistado a pessoa amada, mas não significa obrigatoriamente que você está com depressão.

Depressão é uma doença psicológica caracterizada por uma tristeza persistente e, nem sempre, identificamos um motivo que determine sua origem. Ela pode surgir, ganhar espaço dentro da gente sem que possamos perceber, quando nos damos conta, a vida está cinza, não achamos graça nas coisas, não conseguimos nos satisfazer e sentir alegria, estamos irritados, não conseguimos levantar da cama ou quando o fazemos é com muita dificuldade. Realizar atividades básicas como tomar banho e escovar os dentes, se tornam um fardo. Fica cada vez mais difícil fazer pequenas coisas, precisamos fazer um grande esforço e vamos ficando cada vez mais cansados, sem energia e cada vez mais com menos vontade de fazer qualquer coisa. Outra característica da depressão é nos deixar irritados, podemos desenvolver nossas atividades, mas sentimos o cansaço e vamos perdendo a paciência, nos tornamos ranzinzas e briguentos.

A depressão atinge pessoas diferentes e de formas diferentes. Para alguns é mais difícil levantar da cama e enfrentar o dia, o trabalho, as responsabilidades, para outros o choro é constante, alguns dormem muito e outros não dormem.

Alguns sintomas frequentes são:

  • Falta de energia ou cansaço excessivo (fadiga);

  • Sensação de tristeza na maioria dos dias e não sentem prazer em atividades que antes eram prazerosas;

  • Insônia ou sonolência excessiva;

  • Dificuldade de concentração;

  • Sentimentos de desesperança;

  • Aumento ou diminuição do apetite.

Importante ressaltar que não é só adultos que podem ficar deprimidos, mas crianças, adolescentes e idosos também.

As crianças, podem manifestar sintomas diferentes dos adultos, algumas vezes a depressão infantil se apresenta nas formas de agressividade, hiperatividade, enurese (escape da urina).

No caso dos adolescentes, podem apresentar isolamento, nervosismo, prejuízo no desempenho escolar e cansaço constante. Esses sintomas muitas vezes confundem, porque a adolescência é uma fase em que naturalmente há algumas mudanças de comportamentos, podendo dificultar o diagnóstico.

Nos idosos a depressão muitas vezes não se apresenta com os sintomas clássicos como tristeza, falta de energia, primeiramente pode ser manifestada por queixas de dores pelo corpo.

Vale lembrar que homens também sofrem com depressão. O escritor Andrew Solomon em seu livro “Demônio da meia noite - uma anatomia da depressão”, em que ele faz uma ampla pesquisa sobre a depressão e descreve a sua própria vivência, relata que “muitos homens tendem a lidar com os sentimentos de depressão não se retraindo em um silêncio de desânimo, mas retraindo-se no ruído da violência, no uso de drogas ou se tornando viciados em trabalho”. Em geral o homem tem mais dificuldade em falar sobre sentimentos, o que pode ter para ele um significado de fragilidade.

Como podemos perceber, é uma doença que pode atingir a todos.

Estudos mostram que há um número significativo da população que sofre de depressão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) só no Brasil a depressão atinge 5,8% da população (11,5 milhões de pessoas), e mesmo assim, ainda percebemos uma falta de empatia pelas pessoas que estão depressivas, o que pode dificultar a busca por ajuda e acentuar o quadro depressivo.

Muitas vezes as pessoas sentem medo de não serem compreendidas e acabam não falando sobre isso no trabalho, na família, com amigos e acabam demorando para buscar tratamento. Você pode pedir ajuda! Assim como buscamos um tratamento quando temos uma dor de estômago, uma enxaqueca, também podemos buscar ajuda quando a tristeza é excessiva e está atrapalhando a nossa vida.

O tratamento consiste em psicoterapia e em casos mais graves é necessário também o acompanhamento psiquiátrico.

Com tratamento, a vida pode ficar mais leve, o sofrimento menor e a alegria pode voltar a ter lugar.

*Viviane Mariz Alencar é psicóloga clínica, parceira do Integrate Psicologia.


Bibliografias consultadas:

American Psychiatric Association. DSM-5. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.

McWillians, N. Diagnóstico Psicanalítico entendendo a estrutura da personalidade no processo clínico. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Solomon, A. O demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão. São Paulo. Companhia das letras, 2014.

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